A empresa corre um grande risco de falir e, com isso, impactar o dólar Tether (USDT), Bitcoin e outras moedas
Um sinal de alerta ao mundo financeiro começa a vir da segunda maior economia do mundo. Desde o início de 2021 a China Evergrande, maior incorporadora de imóveis chinesa, sofre perdas sucessivas na bolsa. De fato, a ação da empresa já perdeu 82% de seu valor desde janeiro.
O motivo dessa queda é a difícil situação financeira da empresa. Com uma dívida de impressionantes US$ 300 bilhões (R$ 1,56 trilhão), a Evergrande não está conseguindo honrar seus compromissos básicos, como salário dos funcionários. A empresa corre um grande risco de falir e, com isso, levar o sistema financeiro chinês – e mundial – a um colapso semelhante à crise de 2008.
Porém, um eventual colapso da Evergrande pode causar fortes impactos nas criptomoedas, especialmente no dólar Tether (USDT). Caso isso aconteça, o próprio Bitcoin (BTC) pode ser duramente afetado.
Lastro da USDT e relação com a Evergrande
Em primeiro lugar, a Tether divulgou uma auditoria em maio que mostra o suposto lastro da USDT. Conforme revelou o CriptoFácil na ocasião, 76% desse lastro é composto não por dólares, mas sim por papéis comerciais.
Estes papéis são dívidas corporativas, ou seja, passivos emitidos por outras empresas. Os passivos podem ser convertidos em dinheiro, dependendo do emissor e do mercado. No entanto, essa conversão pode demorar um tempo para acontecer, visto que estes papéis não possuem liquidez imediata.
O problema é que parte dessas dívidas pode estar lastreada em papéis que foram emitidos pela Evergrande. De acordo com o perfil The Last Bear Standing, algumas coincidências apontam nessa direção, como o fato da Tether ter emitido US$ 15 bilhões em USDT entre os meses de abril e junho.
“Curiosamente a Tether. Na verdade, US$ 15 bilhões mais tether foi impresso entre meados de abril e seu pico no início de junho. Apenas na época, em 7 de junho, a Reuters alertou sobre os riscos com os títulos da Evergrande”, disse o perfil.
Aqui há duas possibilidades. No primeiro caso, as questões de liquidez na Evergrande poderiam ter prejudicadas a emissão na Tether. Outra possibilidade é que o corte de financiamento e liquidez foi o que causou a crise na Evergrande.
Colapso generalizado
De qualquer forma, caso a Tether tenha parte, ou até a maioria, do lastro do USDT em dívidas da Evergrande, isso pode se tornar um problema. Afinal, a falência da empresa resultaria em uma série de calotes a todos os credores, incluindo a emissora da USDT.
Sem os recursos da Evergrande, a Tether poderá ter dificuldades em garantir a cotação de 1 para 1 entre a USDT e o dólar. Como é a stablecoin mais utilizada no mercado, um colapso da Tether poderia desencadear uma reação imprevisível no preço do BTC.
“Por que a Tether parou de imprimir USDT junho ao mesmo tempo que a liquidez de Evergrande acabou? Por que a Fitch (agência de classificação de risco) classificou a Tether como um risco sistêmico?”, questionou The Last Bear Standing. Ou ainda:
“E se Evergrande estiver entre os 'papéis comerciais' que a Tether diz ter como reserva?”
Fonte: CriptoFácil
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