Temores sobre o mercado de ações e as reservas de Tether também levaram alguns a acreditar que o preço do Bitcoin poderia estar em apuros
Não é novidade que a China Evergrande, maior incorporadora de imóveis chinesa, se encontra em difícil situação financeira. Para muitos analistas, a empresa não tem mais condições sequer de pagar os juros de sua dívida atual de US$300 bilhões.
Se a Evergrande falir, levará o sistema financeiro chinês – e mundial – a um colapso semelhante à crise de 2008, além de afetar duramente o dólar Tether (USDT), que, de acordo com alguns analistas, tem parte de seu lastro associado à Evergrande. O próprio bitcoin seria fortemente impactado.
Ontem tivemos uma pequena amostra do impacto que a Evergrande pode provocar em todos os mercados: A empresa deixou de honrar o pagamento US$ 148 milhões de juros de títulos de sua dívida com a empresa alemã Deutsche Marktscreening Agentur (DMSA), credora da construtora chinesa. Dois minutos após o vencimento do pagamento, a DMSA anunciou que pediria ao governo chinês a abertura de um processo de falência contra a Evergrande. Duas horas depois, o preço do bitcoin iniciou uma queda intensa que levou a moeda para US$ 62.800.
Na sequência, o jornal The New York Times informou que a Evergrande fez o pagamento da dívida de pelo menos dois de seus três títulos cujo período de gratuidade vencia ontem – o que evitaria o calote. A notícia acalmou o mercado, levando o preço do bitcoin a estabilizar-se ao redor de US$ 64.500.
Allison McNeely, da Bloomberg, relatava que "a Evergrande não deixou de honrar suas dívidas", referenciando reportagem que revelava que os clientes da firma de compensação internacional Clearstream receberam pagamentos de juros vencidos sobre três títulos em dólares americanos emitidos pela Evergrande.
William Fong, trader sênior da australiana Zerocap, opinou que "US$ 148 milhões não é nada em comparação com a dívida pendente de $ 300 bilhões da Evergrande, mas cria uma preocupação para os $ 100 bilhões pendentes de títulos offshore".
Fong também acredita que um resgate para a Evergrande pelo governo Chinês não virá tão cedo porque "os reguladores chineses foram os iniciadores de uma medida que visa limitar o excesso de alavancagem".
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